domingo, 10 de outubro de 2010

LITERATURA DADAÍSTA




“Eu escrevo um manifesto e não quero nada, eu digo, portanto certas coisas e sou por princípio contra os manifestos, como sou também contra os princípios.”
“Que cada homem grite: há um grande trabalho destrutivo, negativo, a executar. Varrer, limpar. A propriedade do indivíduo se afirma após o estado de loucura, de loucura agressiva, completa, de um mundo abandonado entre as mãos dos bandidos que rasgam e destroem os séculos”.


Os dadaístas propunham uma demolição geral; a abolição da lógica; a destruição total, o desequilíbrio; a desordem; um estilo antigramatical e uma linguagem inovadora.
Importante era criar palavras pela sonoridade (destruição da sintaxe, associação de palavras díspares, utilização de ruídos), quebrando as barreiras do significado (uma antiarte, uma antiliteratura), importante era o grito, o urro contra o capitalismo burguês e o mundo em guerra.


NOJO DADAÍSTA

“Todo produto do nojo susceptível de se tornar uma negação da família é dadá; protesto com os punhos de todo o seu ser em ação destruidora: DADÁ; conhecimento de todos os meios rejeitados até o presente pelo sexo pudico do compromisso cômodo da polidez: DADÁ; abolição da lógica, dança dos impotentes da criação: DADÁ; de toda a hierarquia e equação social instalada para os valores pelos nossos criados: DADÁ; cada objeto, todos os objetos, os sentimentos e as obscuridades, as aparições e o choque preciso das linhas paralelas são meios para o combate: DADÁ; abolição da memória: DADÁ; abolição da arqueologia: DADÁ; abolição dos profetas: DADÁ; abolição do futuro: DADÁ; crença absoluta, indiscutível, em cada deus produto imediato da espontaneidade: DADÁ; salto elegante sem prejuízo da harmonia à outra esfera; trajetória de uma palavra lançada como um disco sonoro grito; respeitar todas as individualidades na sua loucura do momento: sério, temeroso, tímido, ardente, vigoroso, decisivo, entusiasta; livrar sua igreja de todo acessório inútil e pesado; escarrar como uma cascata luminosa o pensamento descortês ou amoroso, ou acariciá-lo – com a viva satisfação de que é inteiramente igual – com a mesma intensidade no espinhal, puro de insetos para o sangue bem nascido, e dourado de corpos de arcanjos, de sua alma. Liberdade: DADÁ DADÁ DADÁ, uivos das dores crispadas, entrelaçamento dos contrários e de todas as contradições, dos grotescos, das inconseqüências: A VIDA.”

Tzara

Tzara em seu último manifesto dá a receita para fazer um poema Dadaísta:

Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.

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