quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O REALISMO COMO MATÉRIA DA ARTE

I – DADOS CRONOLÓGICOS:
Meados do século XIX.

Entre 1850 e 1900, enquanto se dava o embate entre Neoclassicismo e Romantismo, desenvolveu-se na arte européia, principalmente na pintura francesa, uma nova tendência ou estética, o REALISMO, que dava passagem para o Impressionismo.
A Revolução Industrial proporcionou um ambiente oportuno para o surgimento do REALISMO, pois houve uma tendência para romper-se com o passado, assim como exprimir uma forte individualização da burguesia industrial.

II – CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL:
O trabalho é uma atividade presente na vida humana desde o seu início e sempre esteve predominantemente ligada a uma visão negativa.

A etimologia da palavra trabalho vem do vocábulo latino “tripaliare”, do substantivo “tripalium”, aparelho de tortura, formado por três paus, ao qual eram atados os condenados, e que também servia para manter presos os animais difíceis de ferrar. Daí a associação do trabalho com tortura, sofrimento, pena e labuta.
Na Bíblia, Adão e Eva vivem felizes até que o pecado provoca sua expulsão do Paraíso e impõe sua condenação ao trabalho com o “suor do seu rosto” e à Eva o “trabalho do parto”.

Na Antiguidade grega, todo trabalho manual é desvalorizado por ser feito por escravos, enquanto a atividade teórica, considerada a mais digna do homem, representa a essência fundamental de todo ser racional.
Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino procura reabilitar o trabalho manual, dizendo que todos os trabalhos se equivalem, mas, na verdade, a própria construção teórica de seu pensamento, calcada na visão grega, tende a valorizar a atividade contemplativa.
Na Idade Moderna, a situação começa a se alterar: o crescente interesse pelas artes mecânicas e pelo trabalho em geral justifica-se pela ascensão dos burgueses, vindos de segmentos dos antigos servos que compravam sua liberdade e dedicavam-se ao comércio, e que, portanto, tinham outra concepção a respeito do trabalho.
Com o surgimento do Estado, o trabalho deixou de ser uma atividade exclusiva da sobrevivência e ganhou contornos mais complexos.
A primeira mudança foi à formação de classes trabalhadoras, isto é, parcelas da população cuja função social era trabalhar para outras classes sociais, geralmente para as classes dominantes.
Durante quase toda a história humana, a maior parte do trabalho realizado prendia-se às atividades agrícolas, àquelas ligadas diretamente à produção de alimentos.
Com a Revolução Francesa, a nobreza entrou em decadência e como o mundo é de quem trabalha e os nobres não produziam; os servos foram buscar o seu sustento nas fábricas, ocorrendo à transformação da classe social, antes, chamado de “vulgo”; agora, de “operários” que se dividiam em classes dos metalúrgicos, mineiros, etc.
Então, surge o proletariado!

O termo proletariado é de origem latina e era usado no Império Romano para designar as pessoas que nada possuíam a não ser a sua prole (os filhos).

O mundo se transformou: não existe uma sociedade estática e a Revolução Industrial vinha dar condições de mudarmos de classe social.

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL:
Na segunda metade do século XVIII, o sistema econômico passa por uma transformação nunca vista. As mudanças são de tal ordem que, por analogia à Revolução Francesa, ficariam conhecidas como “Revolução Industrial”.

Esse processo torna-se tão associado à introdução de máquinas nas indústrias que acaba simbolizado pela máquina a vapor, inventada pelo escocês James Watt, em 1769.
Essa inovação leva o setor têxtil inglês, constituído basicamente de indústrias de tecidos de algodão, a aumentar suas exportações em mais de dez vezes entre 1750 e 1769.
Outros setores foram também alterados por essa inovação: a extração de carvão, a siderurgia e a metalurgia do ferro.
A Revolução Industrial, porém, não se resume às máquinas. Por um lado, elas são fundamentais, porque permitem superar a relação homem/natureza, cujo limite é a própria força física do homem.
As máquinas tornam possível a transformação da natureza em proporções muito superiores a que um homem, que com suas próprias mãos, consegue realizar.
Na vida social e econômica ocorrem paralelamente ao desenvolvimento descrito, sérias transformações que determinam a passagem do feudalismo ao capitalismo. Além do aperfeiçoamento das técnicas, dá-se o processo de acumulação de capital e a ampliação dos mercados.
O capital acumulado permite a compra de matérias-primas e de máquinas, o que faz com que muitas famílias que desenvolviam o trabalho doméstico nas antigas corporações e manufaturas de trabalho e, para sobreviver, se vejam obrigadas a vender a força de trabalho em troca de salário.
Com o aumento da produção aparecem os primeiros barracões das futuras fábricas, onde os trabalhadores são submetidos a uma nova ordem, a da divisão do trabalho com ritmo e horários preestabelecidos. O fruto do trabalho não mais lhes pertence e a produção é vendida pelo empresário, que fica com os lucros.
Trabalhar em troca de um pagamento não é uma novidade dos nossos tempos. Há milênios existem trabalhadores, sobretudo os especialistas, executando tarefas em troca de um pagamento. Mas em nenhum momento da história o trabalho esteve tão profundamente caracterizado como mercadoria quanto no Capitalismo. Nesse sistema, tudo deve se transformar em mercadoria geradora de mais capitais (lucro).
Na relação capitalista de trabalho, o trabalhador vende sua força de trabalho ao patrão, em geral, em troca de um pagamento em dinheiro. E quanto vale a força de trabalho, qual é o seu preço? Sendo um ser vivo, o trabalhador precisa receber o necessário para a subsistência e reprodução de sua capacidade de trabalho, ou seja, o salário deve, portanto, corresponder ao custo de sua manutenção e de sua família.
O preço do trabalho como os demais produtos em circulação, também é regulado pelas regras do mercado. A ideia de que a riqueza não está mais associada pela posse da terra, mas sim pelo trabalho (conceito capitalista), determina o valor de todas as coisas e as relações sociais de todas as esferas.

A MAIS-VALIA:
Na obra “O Capital”, Marx explica que, o capitalista contratava o operário para trabalhar durante certo período de horas a fim de alcançar determinada produção. Mas o trabalhador, estando disponível todo o tempo, na verdade produz mais do que foi calculado, ou seja, a força de trabalho pode criar um valor superior ao estipulado inicialmente. No entanto, a parte do trabalho excedente não é paga ao operário, e serve para aumentar cada vez mais o capital.

Marx diz que, ao comprar a força de trabalho, o capitalista “adquire o direito de servir-se dela ou de fazê-la funcionar durante todo o dia ou toda a semana (...)”
Chama-se “mais-valia” ao valor que o operário cria além do valor de sua força de trabalho, e que é apropriado pelo capitalista.

ALIENAÇÃO:
Alienação, segundo Marx, tem origem na vida econômica: quando o operário vende no mercado a força de trabalho, o produto que resulta do seu esforço não mais lhe pertence e adquire existência independente dele. A perda do produto significa outras perdas para o operário: ele não mais projeta ou concebe aquilo que vai executar (dá-se a dicotomia concepção-execução do trabalho, a separação entre o pensar e o agir); com o aceleramento da produção, provocado pela crescente mecanização do trabalho, o operário executa cada vez mais apenas uma parte do produto; o ritmo do trabalho é dado exteriormente e não obedece ao próprio ritmo natural do seu corpo.

O produto do trabalho do operário subtrai-se portanto, à sua vontade, à sua consciência e ao seu controle, e o produtor não se reconhece no que produz. O produto surge como um poder separado do produtor, como realidade soberana e tirânica que o domina e ameaça.
A esse processo, Marx, chama “Fetichismo da Mercadoria”. Produz, então, a grande inversão em que a “reificação” do homem (“res” - coisa) é o contraponto do “fetichismo” da mercadoria.
Quando a mercadoria se “anima”, se “humaniza”, obriga o homem a sucumbir às forças das leis do mercado que o arrastam ao enfrentamento de crises, guerras e desempregos. A conseqüência é a desumanização do homem, sua reitificação.
A burguesia visando o lucro e o acúmulo da riqueza explora o trabalhador da classe operária, obrigando-o a produzir o máximo por um preço menor.
Antes, o servo era protegido pelo seu senhor; ficava com a sétima parte; tinha casa; comida e aprendia alguns ofícios. Ao tirar o sujeito dessa situação e colocá-lo na esfera do proletariado, o vulgo perde a referência de sua vida, vivendo de forma fracionada, pois ele é pago pelo tempo que está trabalhando. E a consequência disso são: as extensas jornadas de trabalho, de dezesseis a dezoito horas, sem direito a férias, sem garantia para a velhice, doença e invalidez; arregimentação de crianças e mulheres, mão-de-obra mais barata; condições insalubres de trabalho, em locais mal-iluminados e sem higiene; mal pagos, os trabalhadores também viviam mal alojados e em promiscuidade. Além, da divisão do trabalho que implica de maneira repetitiva, mecânica e alienada a atividade produtiva.
O escocês Adam Smith (1723-1790) é um dos primeiros a investigar esses acontecimentos. “Dividir o trabalho”, assim, implica uma nova organização: basicamente, a substituição do sistema doméstico, em que cada artesão (e seus familiares) executava um trabalho inteiro, pela reunião de trabalhadores em um só local e pela distribuição, entre eles, de partes desse trabalho. Além de aumentar a produtividade, essa nova organização possibilita um maior controle, pelo empregador, do tempo de trabalho, impondo aos operários um ritmo mais intenso, o que seria conseguido com maior eficiência com a introdução das máquinas.
Estas, porém, neutralizam o saber do trabalhador. O trabalho deixa de ser a arte de um ofício, de que só o homem dispõe, e por isso pode negociar melhor remuneração, para se tornar um mistério reservado à máquina (e ao patrão), a cujos movimentos o empregado deve obedecer, mesmo que não os compreenda.

Ao tornar inútil o conhecimento do artesão, a indústria moderna também transforma a população tradicionalmente não-trabalhadora (mulheres e crianças) em mão-de-obra, possibilitando a redução dos salários.
Não por acaso, a Revolução Industrial, ao concentrar os operários em grandes unidades de produção, ao retirar-lhes o controle que detinham sobre seu trabalho e ao remunerá-los com baixos salários, também significaria o surgimento de uma nova força social: o movimento organizado dos trabalhadores por uma sociedade mais justa (os movimentos socialistas e anarquistas).
Em linhas gerais, as doutrinas e os movimentos socialistas do século XIX tinham por objetivo encontrar uma forma de organização social que eliminasse as grandes diferenças entre as classes e a excessiva exploração que os trabalhadores sofriam.
Os socialistas acreditavam que seria possível transformar a sociedade acabando com seus desequilíbrios econômicos.

AS IDEIAS SOCIALISTAS:
Havia se desenvolvido, entre grande parte da classe trabalhadora, a percepção da luta de classes, ou seja, dos antagonistas existentes entre os interesses dos patrões e os interesses dos empregados. Esse entendimento da realidade mobilizou os trabalhadores e semeou o pensamento socialista.

Esse quadro gerou em 1830 crises intensas: conflitos entre as classes sociais, burgueses versus proletariados, surgem os sindicatos e em 1848, organizam a Internacional.
A partir de 1848, o proletariado procura a expressão de sua própria ideologia, oposta ao pensamento liberal e inspirada de início no socialismo utópico, buscando atender melhor os trabalhadores.
Entre 1820 e 1829, Robert Owen, proprietário de uma fábrica de algodão na Escócia, fundou uma fábrica-modelo onde a jornada de trabalho não poderia exceder a dez horas e trinta minutos. Ele abriu armazéns para uso dos trabalhadores e creches e escolas para seus filhos. Depois, Owen tentou criar a fazenda-modelo, onde os colonos viviam sob o regime de autogestão e a terra era comum a todos.
Essas teorias foram, em pouco tempo, ultrapassadas pelo chamado Socialismo científico.

SOCIALISMO CIENTÍFICO:

   A publicação, em 1848, do “Manifesto Comunista”, escrito por Karl Marx e Friedrich Engels, marcou a passagem das teorias utópicas para as chamadas teorias científicas, ou Socialismo Marxista.

A teoria marxista compõe-se de uma teoria filosófica, o Materialismo dialético, e de uma científica, o Materialismo histórico.

MATERIALISMO DIALÉTICO:

O Materialismo dialético considera que os fenômenos materiais são processos. Além disso, segundo o Materialismo dialético, o espírito não é consequência passiva da ação da matéria, podendo reagir sobre aquilo que o determina. Ou seja, o conhecimento do determinismo liberta o homem por meio da ação deste sobre o mundo, possibilitando inclusive a ação revolucionária.

MATERIALISMO HISTÓRICO:
O Materialismo histórico não é mais do que a aplicação dos princípios do Materialismo dialético ao campo da história. E, como o próprio nome indica, é a explicação da história por fatores materiais, ou seja, econômicos e técnicos.

Para o Marxismo, no lugar das idéias, estão os fatos materiais; no lugar dos heróis, a luta de classes.
Marx explicita que, embora possamos tentar compreender e definir o homem pela consciência, pela linguagem, pela religião, o que fundamentalmente o caracteriza é a forma pela qual reproduz suas condições de existência.
Portanto, para estudar a sociedade não se deve segundo Marx, partir do que os homens dizem, imaginam ou pensam, e sim da forma como produzem os bens materiais necessários à sua vida. Analisando o contrato que os homens estabelecem com a natureza para transformá-la por meio do trabalho e as relações entre si é que se descobre como eles produzem sua vida e suas idéias.
O Manifesto foi escrito após a derrota das classes populares na Revolução de 1848, na França. Após aquele episódio, Marx entendeu que não seria possível ao proletariado participar do poder político em um Estado burguês, uma vez que burguesia e proletariado são classes antagônicas. Dessa forma, a única saída que restava era tomar o poder, acabar com o governo burguês e criar um Estado proletário.
A teoria de Marx e Engels atingia no alvo a questão de os capitalistas terem se tornado proprietários dos meios de produção (máquinas, ferramentas, fábricas, terras), o que garantia a eles total autonomia sobre o trabalho e um poder ilimitado de explorar as classes trabalhadoras. Por isso, defendiam a apropriação coletiva dos meios de produção, ou seja, estes deixariam de pertencer a uma ou outra classe social para se tornarem de toda a sociedade.
Para conseguir a coletivização dos meios de produção, o Socialismo científico defendia a via revolucionária e a implantação da ditadura do proletariado, que é uma etapa provisória durante a qual seriam realizadas as reformas necessárias para eliminar a propriedade privada e coletivizar os meios de produção. Realizadas essas transformações, a sociedade entraria no Comunismo, que é a sociedade sem classes, porque estariam eliminados todos os fatores que promovem as diferenças entre as classes sociais. Essa revolução, pelas próprias condições em que se dava, não podia restringir aos limites de um país. O capitalismo universalizou-se, estendendo suas formas de dominação a todo o mundo; do mesmo modo, a revolução operária só pode se realizar por inteiro na medida em que abolir universalmente a dominação burguesa. A revolução deve ter um caráter internacional. Por isso, conclama Marx nas últimas frases do “Manifesto do Partido Comunista”; “Os proletários nada têm a perder (...) a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!”
Com o objetivo de divulgar as ideias socialistas e conscientizar o maior número possível de trabalhadores em todo o mundo, foi organizada em Londres, em 1864, a Associação Internacional dos Trabalhadores, que ficou conhecida como a Primeira Internacional. Operários de várias nacionalidades realizaram discussões teóricas sobre as doutrinas socialistas, mas não chegaram a definir uma ação conjunta da luta contra o capital.
Em 1899, reuniu-se em Paris a Segunda Internacional, que definiu alguns pontos comuns de luta aceitos por todas as correntes políticas. Nesse encontro, ficou estabelecida a greve geral como instrumento de luta, e foi definido que o dia 1 de maio passaria a ser comemorado pelos trabalhadores como o Dia Internacional do Trabalho (no dia 1 de maio de 1886, houve na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, um violento choque entre policiais e trabalhadores que realizavam uma passeata. O episódio ficou conhecido como “Massacre de Chicago”, e inspirou o estabelecimento do dia 1 de maio como o Dia do Trabalho).
Em 1919, reuniu-se a Terceira Internacional, que ficou conhecida como “Internacional Comunista” ou “Comintern”. Controlada pelos bolcheviques que, após a vitória na Rússia, dominavam a cena política, a “Comintern” foi responsável pela criação de partidos comunistas em todos os países onde havia proletariado.
Os socialistas que se opunham aos bolcheviques criaram, em 1923, a Internacional Socialista. A criação de outra Internacional selou a divisão entre as outras correntes socialistas e os comunistas.

A COMUNA DE PARIS (1871)
Em 1871, a França estava mergulhada em uma luta interna travada por diversos grupos políticos. Nesse cenário, ocorreu a primeira experiência histórica de instalação de um governo fundamentado nas teses socialistas. Foi a Comuna de Paris.

Inspirado nas teorias socialistas, o novo governo adotou, entre outras medidas, a bandeira vermelha, símbolo da revolução popular; um novo calendário; o princípio da autonomia absoluta das comunidades e foi criado um conselho composto de líderes operários, alguns intelectuais socialistas e uns poucos lojistas e artesãos.
Com a intenção de desmontar o Estado burguês, os líderes da Comuna realizaram as seguintes reformas: dissolveram o exército regular, substituindo-o pela Guarda Nacional, composta pelos cidadãos; as fábricas abandonadas pelos seus proprietários passaram a ser administradas por conselhos de trabalhadores; estabeleceram o voto universal para a eleição de funcionários encarregados da administração e legislação municipal; os aluguéis, os alimentos e os gêneros de primeira necessidade tiveram seus preços congelados e criaram creches e jardins-de-infância para os filhos dos trabalhadores.
Thiers, o chefe do governo de Versalhes, convence Bismarck, líder da unificação alemã, do perigo que o exemplo da Comuna representava, tanto para o governo alemão como para o francês. Bismarck, então, aceitou ajudar o governo de Versalhes a lutar contra a Comuna de Paris.
Travaram-se os combates, mas a Comuna não resistiu a um exército numericamente superior, mais bem armado e apoiado pela artilharia do Exército prussiano.
Em 27 de maio de 1871, o Exército francês chegou ao centro da cidade, derrotando os focos de resistência ao seu avanço.
Na repressão que se seguiu, mais de 20 mil “comunardos” foram executados e cerca de 40 mil foram deportados paras as colônias francesas em outros continentes. Como resultado desse massacre, o movimento operário na França foi praticamente suprimido durante mais de 30 anos.
Após a vitória sobre a Comuna, a cidade de Paris foi reconstruída. Os bairros pobres do centro foram eliminados para dar lugar aos largos bulevares (avenidas com duas pistas), foram construídas rotas retilíneas para impedirem as barricadas e facilitarem os desfiles das forças armadas, onde, como dizia o arquiteto responsável pela reconstrução, “era muito mais fácil colocar uma metralhadora para reprimir manifestações.”
Após uma frustrada tentativa de restauração monárquica, a Assembléia Nacional proclamou a Terceira República francesa, em 1873. Os prefeitos de Paris seriam nomeados pelo presidente da República.

III – CARACTERÍSTICAS:
Com as primeiras moeduras da Idade da Máquina, os anacronismos do Neoclassicismo e o escapismo do Romantismo não conseguiram se afirmar frente ao gume cortante do REALISMO.

O REALISMO sempre fez parte da arte ocidental. Durante a Renascença, os artistas superaram todas as limitações técnicas e representaram a natureza com acuidade fotográfica. De van Eyck a Vermeer e Velázquez, os artistas se aproximaram da realidade visual com habilidade consumada. Mas, antes do REALISMO, os artistas do século XIX modificaram seus temas idealizando-os ou tornando-os sensacionais.
Ao artista do REALISMO não cabe idealizar artisticamente a realidade, pois a beleza está na realidade tal qual ela é, na imitação precisa de percepções visuais sem alteração, onde o BELO é verdadeiro.
A função da arte é apenas revelar o que há de mais característico e expressivo no mundo em que vivemos. Os artistas se limitavam a fatos do mundo moderno à medida que os experimentavam pessoalmente, somente o que podiam ver ou tocar era considerado real.
Não se trata de fazer uma pintura do que estamos vendo, nem na técnica, nem na literalidade, nem como um analista impessoal; mas, sim, do ponto de vista crítico, subjetivo partindo do olhar do artista, permeada por valores de uma ideologia da qual ele acreditava. Seu objetivo era a transformação e mostrar “aquilo” que ninguém queria enxergar ou mudar.
Tem como ponto comum entre o Romantismo, o seu exagero, pois o artista está entregue a uma causa maior que ele.
Assim, os pintores deixaram de lado temas mitológicos, bíblicos, históricos e literários, se voltam para a realidade vivida e retratavam os camponeses e a classe trabalhadora urbana.
Em tudo, de cor a tema, o REALISMO trazia para a arte uma postura revolucionária, vanguardista, pois estava envolvida com uma ideologia socialista. Não se tratava de uma visibilidade política, mas de ideais de reforma social.
As técnicas convencionais tradicionalistas exigiam conceber o espaço pictórico numa realidade; a execução era omitida; evitavam aparecer que era tinta na tela; havia hierarquia dos objetos e equilíbrio das luzes.
O pintor realista buscou a transformação e um dos seus passos foi abolir os itens acima das técnicas convencionais e tradicionais, partindo para:
- Explorar a superfície plana, sem perspectiva;
- Utilizar-se de muitas camadas de tinta, causando a impressão de borrão;
- Optar pelas cores da realidade, principalmente das classes populares, escolhendo os tons castanhos (betuminosa), cinza, ocre e preto;
- Retratar a “a raia miúda”, os desvalidos, marginalizados, os trabalhadores rurais, os contrastes entre a miséria e a riqueza, etc, apresentando o painel social da I Revolução Industrial. A preocupação de alguns artistas em representar questões sociais relaciona-se à época: a industrialização trouxe grande desenvolvimento tecnológico, mas também fez formar-se nas cidades uma grande massa de trabalhadores vivendo e trabalhando em condições precárias e desumanas;
- Recusa do intelectualismo neoclássico e do emocionalismo dos românticos e
- Apego aos métodos científicos da criação.

 ARTES PLÁSTICAS:
 "A burguesia entusiasma-se com os "simples" de Millet, tal como se repugna com o revolucionário Daumier ou, pior, com o libertino Courbet. Millet ainda que involuntariamente expia o erro regredindo do Realismo ao naturalismo romântico só sendo recuperado quando o pós-impressionismo reflete sobre a sua obra e por ela é influenciada tal como irá acontecer com um dos grandes mestres da contemporaneidade que dá por nome Vicent Van Gogh (1853; 1890)."
A tendência se expressa, sobretudo, na pintura. As obras privilegiam cenas cotidianas de grupos sociais menos favorecidos. O tipo de composição e o uso das cores criam telas pesadas e tristes. O grande expoente é o francês Gustave Courbet (1819-1877). Para ele, a beleza está na verdade. Suas pinturas chocam o público e a crítica, habituados à fantasia romântica. São marcantes suas telas “Os Britadores de Pedra”, retrata operários, e “Enterro em Ornans”, apresenta o enterro de uma pessoa do povo. Outros dois nomes importantes que seguem a mesma linha são Honoré Daumier (1808-1879) e Jean-François Millet (1814-1875). Também, destaca-se Édouard Manet (1832-1883), ligado ao naturalismo e, mais tarde, ao impressionismo. Sua tela “Olympia” exibe uma mulher nua que “encara” o espectador.


                      "Os Britadores de Pedra”, 1850.

“Bunãl at Ornans” (“Enterro em Ornans”), 1849.

“Olympia”, 1863.

Na ARQUITETURA, até meados do século XIX, os estilos “revival” como os templos pseudogregos ou romanos e castelos góticos estilizados dominavam. Quando a Revolução Industrial pôs à disposição novos materiais, tais como escoras de ferro fundido, cimento, vidro e concreto armado, os arquitetos inicialmente as disfarçaram de colunas coríntias neoclássicas, estabelecendo como primeira tendência, o ecletismo. Somente em estruturas puramente utilitárias, como pontes suspensas, estações de ferro e fábricas, o ferro fundido foi usado sem ornamento.

Porém, havia uma seleção dos estilos do passado, como por exemplo, o “Teatro da Ópera” em Paris projetado por CHARLES GARNIER. Gradualmente, porém, cresceu a consciência de que novos materiais e métodos de engenharia demandavam um novo estilo, tão prático quanto à própria época.
O “Palácio de Cristal” (1850-51), que foi destruído pelo fogo em 1935, abrigou a primeira Feira Mundial em Londres, foi à primeira estrutura de ferro e vidro, construída em escala tão imensa que mostrava que os materiais industriais eram ambos funcionais e bonitos. JOSEPH PAXTON (1801-65), engenheiro que se especializou em estufas, projetou a estrutura em ferro e vidro de um enorme conservatório, cobrindo 85 quilômetros quadrados e envolvendo as árvores adultas já no local. Pelo fato de as máquinas produzirem elementos de ferro fundido em formas pré-fabricadas, a construção era instantânea. Em seis meses, os trabalhadores montavam o edifício como um grande conjunto de armar.
Um transepto em forma de barril com múltiplos painéis de vidro sobre um esqueleto de ferro cobria toda a extensão do edifício. O espaço interior, inundado de luz, parecia infinito, a estrutura em si quase que sem peso.
A utilização dos “novos” materiais permitiu que os edifícios fossem maiores, mais econômicos e resistentes ao fogo.
Muitos edifícios com fachadas de ferro fundido ainda estão de pé no bairro do Soho, em Nova York, e a cúpula do “Capitólio dos Estados Unidos”, que foi construída de ferro fundido em 1850-65.
Após 1860, quando o aço estava disponível, vastos espaços puderam ser fechados rapidamente e com a invenção do elevador, os edifícios cresceram verticalmente, bem como horizontalmente, preparando o advento do arranha-céu.
O primeiro arranha-céu “Home Insurance Building” foi projetado por WILLIAM JENEY, em 1883, na cidade de Chicago. Esse arquiteto teve a feliz ideia de reunir lojas, escritórios e ateliês num só bloco de concreto.
A “Torre Eiffel” (1889-Paris) é considerada a maior invenção da engenharia e da construção da época. Construída como principal atração da Exposição de 1889, com trezentos metros era a mais alta estrutura do mundo. A torre consistia de 7.200 toneladas de ferro e aço conectadas por 2,5 milhões de rebites e tornou-se um símbolo audacioso da moderna era industrial.
A segunda tendência é a racionalista, precursora da Arte Moderna. Há ordem técnica no uso dos materiais e na adaptação da planta e da estrutura às finalidades do edifício.

A arquitetura não deve evocar o passado, mas satisfazer as necessidades individuais.
Nas duas últimas décadas do século ocorrem outros dois movimentos importantes, em oposição ao prestígio do industrialismo: “Artes e Ofícios” e “Art Nouveau”.
O movimento denominado “ARTES E OFÍCIOS” (“Arts and Crafts Movement”) liderado pelo escritor e projetista britânico WILLIAM MORRIS (1834-96).
Através da Europa e da América do Norte, esse movimento do final do século XIX influenciou desde as artes decorativas de papéis de parede e tecidos até o projeto dos livros.
O grupo defendia um retorno à tradição artesanal da arte “feita pelo povo e para o povo, como uma felicidade para quem fazia e para quem usava”. MORRIS teve sucesso temporário em reviver a qualidade no desenho e no artesanato, que estava ameaçado de extinção pela produção em massa, mas os objetos feitos à mão eram caros demais.
Outro estilo decorativo que se opôs à esterilidade da Era Industrial foi o “ART NOUVEAU” (1890). Baseava-se em formas torcidas, floridas, que se contrapunham à aparência pouco estética dos produtos fabricados por máquinas.
O ART NOUVEAU era facilmente reconhecível por suas linhas sinuosas e curvas como trepadeira; além de aparecer em “design” de interior por todo o período.
A forma do nenúfar aquático, a marca registrada do ART NOUVEAU, exerceu uma influência generalizada nas artes aplicadas, tais como o ferro forjado trabalhado, joalheria, vidro e tipografia.

Na ESCULTURA do século XIX destaca-se o francês AUGUSTE RODIN (1840-1917).

Quando era um escultor jovem, RODIN foi rejeitado três vezes pela “École dês Beaux-Arts”. Ele desenvolveu um estilo inovador próprio com base no modelo vivo.
Sua produção despertou muita polêmica: alguns estudiosos apontam em seu trabalho tendência ao Realismo; outros o consideram dono de um estilo feito de Naturalismo e Passionalismo e outros, vêem em sua obra características do Impressionismo.
Grande admirador de Donatello e Michelangelo, RODIN apreciou no primeiro os aspectos naturalísticos e, no segundo, a dramaticidade. O “Escravo Acorrentado”, de Michelangelo, inspirou o seu primeiro trabalho em tamanho natural. O extremo naturalismo da estátua fez com que os críticos acreditarem que esculpia a partir de moldes vivos.
RODIN defendeu o realismo dos nus, dizendo: “Obedeço à natureza em tudo e nunca finjo comandá-la.”
Em 1880, RODIN recebeu como encomenda esculpir um enorme portal de 5,4 m X 3,6 m. Baseado no “Inferno” de Dante, o projeto chamado “Os Portões do Inferno”, ocupou RODIN até o final da vida.
Embora nunca tenha completado as portas, RODIN esculpiu duzentas figuras retorcidas em esculturas separadas em tamanho natural, como “O Pensador” e “O Beijo”.

Fortemente influenciado por “O Juízo Final”, de Michelangelo, a emoção intensa é aumentada pelo poder expressivo do corpo humano.
Para retratar a dramaticidade que revelam o sentimento interior, RODIN se recusou a usar modelos profissionais congelados em posturas estúpidas. “Eles absorveram o antigo”, disse RODIN a respeito da escultura Neoclássica baseada na antiga estatuária grega.
Para o artista, a arte acadêmica estava distante da vida real. RODIN contratou dançarinas de cancã para andar pelo ateliê, fazendo poses naturais, enquanto captava cada movimento, ele fazia moldes em barro.
“Eu sempre quis expressar os sentimentos internos através da mobilidade dos músculos”, afirmou RODIN.
É difícil julgar RODIN, pois suas obras mais significativas como “O beijo”, “O pensador” e “Balzac”, apresentam sugestões patéticas góticas, a luminosidade dos Impressionistas e a sobriedade dos gregos. Foi um escultor que valorizou as sensações imediatas.

No CINEMA, CHARLES CHAPLIN (1889-1977) desenvolveu na sua obra um estilo peculiar que o tornou mundialmente famoso: fundir artisticamente a comédia e o drama na criação de procedimentos alegóricos que denunciam simbolicamente a condição do homem moderno. Em “Tempos Modernos” (1935), CHAPLIN aborda a relação homem-máquina; a condição do trabalhador e do trabalho na sociedade capitalista; o trabalho-tortura pelo qual o trabalho deixa de ser a possibilidade de o homem ser criativo e transformar a natureza, passando a ser um instrumento de sua submissão, de sua perda de humanidade; o “fetichismo” (a cena antológica na qual Carlitos é “engolido” pela máquina, aponta para um conjunto de reflexões nas quais se pode citar uma célebre frase do sociólogo norte-americano McLuuhan na qual ele afirma: “os homens criam as ferramentas, as ferramentas recriam os homens”; a relação do homem moderno com o tempo (o relógio, ícone dos dias atuais, onde a luta contra o tempo, faz que os seres humanos desgastem suas relações interpessoais, tornando-as cada vez mais frias, duras e impessoais) e as grandes indústrias, com o seu massacrante processo de reprodução mecânica: máquinas trabalhando e homens desempregados, gerando mais dinheiro para os grandes empresários (donos das máquinas) e para as “máquinas do Estado”).

Na LITERATURA, o movimento que trata de temas sociais, iniciado na segunda metade do século XIX, é manifestado na prosa e sua principal forma de expressão é o romance social, psicológico e de tese.

Deixa de ser apenas distração, torna-se veículo de crítica a instituições, como a Igreja Católica, e à hipocrisia burguesa.
O marco inicial do realismo francês é “Madame Bovary”, do francês Gustave Flaubert (1821-1880).
A escravidão, os preconceitos raciais e a sexualidade são os principais temas, tratados com linguagem clara e direta.
Na passagem do romantismo para o realismo misturam-se aspectos das duas tendências. Um representante dessa transição foi o escritor e dramaturgo francês Honoré de Balzac (1799-1850), autor do conjunto de romances “Comédia Humana”. Outros autores importantes são os franceses Stendhal (1783-1842), autor de “O Vermelho e o Negro”; Prosper Merimée (1803-1870), autor de “Carmen”; os russos Nikolay Gogol (1809-1852), de “Almas Mortas”, Leon Tolstói (1828-1910), criador de “Anna Karenina” e “Guerra e Paz”e Fiódor Dostoiévski (1821-1881), cuja obra-prima é “Os Irmãos Karamazov”; o português Eça de Queirós (1845-1900), que escreve “Os Maias”; os ingleses Charles Dickens (1812-1870), autor de “Oliver Twist”, e Thomas Hardy (1840-1928), de “Judas, o Obscuro”.
A tendência desenvolve-se também no conto. Entre os mais importantes autores destacam-se o russo Tchekhov (1860-1904) e o francês Guy de Maupassant (1850-1893).

A obra retrata a França em pleno século XIX. A personagem Emma é uma jovem camponesa que aspira coisas melhores na vida. Então se casa com um rico médico, Charles Bovary, apenas para obter ascensão social.

Charles, além de ser mais velho, é bem metódico. À medida que cresce a intimidade de suas vidas, um crescente desapego distancia Emma do seu marido, pois as conversas eram planas e isto a entedia. Sentido um claro desprezo por seu marido, Emma passa a cometer adultérios e endividar sua família.

No TEATRO, com o realismo, problemas do cotidiano ocupam os palcos. O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem torna-se coloquial. O primeiro grande dramaturgo realista é o francês Alexandre Dumas Filho (1824-1895), autor da primeira peça realista, “A Dama das Camélias” (1852).
Conta-nos a história de amor da belíssima plebéia Margarida Gautier com um jovem da alta burguesia francesa, Armand Duval.

Deixando o glamour de Paris, os dois amantes retiram-se para o campo, mas o pai de Armand procura impedir esta relação, implorando a Margarida que deixe o filho devido ao bom nome da família. Margarida, infeliz, aceita abandonar o seu amado, dizendo-lhe que está comprometida, mas enquanto tenta esquecê-lo, mergulhando de novo na vida cortesã, adoece gravemente com tuberculose.
Quando Armand Duval descobre que a renúncia ao amor por parte de Margarida Gautier resulta da pressão do seu pai, é já muito tarde...
A inspiradora deste romance foi a jovem cortesã Marie Duplessi (1824-1847) que Alexandre Dumas filho conheceu em Saint-Germain-en-Laye. O próprio autor, em 1867, afirma que "a pessoa que me serviu de modelo para a heroína de A Dama das Camélias chamava-se Alphonsine Plessis, que compôs o nome de Marie Duplessi por achar que era mais eufônico e sugestivo". Esta jovem, de acordo com Dumas, "era alta e muito esbelta, de cabelo negro e rosto rosa e pálido. Tinha a cabeça pequena, olhos rasgados com o aspecto da porcelana de uma japonesa, mas vivos e finos, os lábios com o vermelho das cerejas e os mais belos dentes do mundo..."
Marie Duplessi ou Rose Alphonsine Plessis nasceu na província, mas mudou-se para Paris, onde se tornou numa deslumbrante cortesã que arrebatava diversos corações, inclusive o de Dumas filho, que se apaixonou intensamente. Questões de dinheiro levam à separação, procurando a cortesã, refúgio nos braços do compositor Franz Liszt e, mais tarde, no casamento com o Visconde de Pérregaux.
O fascínio por esta jovem mulher, que morreu com apenas 23 anos, levou Alexandre Dumas a construir Margarida Gautier, a personagem de uma trágica história de amor, que parcialmente o escritor vivera. O próprio nome "Dama das Camélias" resultou do fato de Marie Duplessi gostar de se rodear de flores, mas de se sentir mal com o perfume das rosas, recorrendo às camélias, sem aroma, para enfeitar a sua casa.
Esta narrativa emotiva, marcada pelo lirismo romântico, e cujo tema serviu de inspiração a Verdi, em La Traviata, acabou por, simultaneamente, chocar e fascinar a sociedade da época.
Fora da França, um dos expoentes é o norueguês Henrik Ibsen (1828-1906). Em “Casa de Bonecas”, por exemplo, trata da situação social da mulher.
São importantes também o dramaturgo e escritor russo Gorki (1868-1936), autor de “Ralé” e “Os Pequenos Burgueses”, e o alemão Gerhart Hauptmann (1862-1946), autor de “Os Tecelões”.

REALISMO NO BRASIL:
 No Brasil, o realismo marca mais intensamente a literatura e o teatro.

Nas artes plásticas, os artistas brasileiros, tem maior expressão o realismo burguês, nascido na França. Em vez de trabalhadores, o que se vê nas telas é o cotidiano da burguesia. Dos seguidores dessa linha se destacam Belmiro de Almeida (1858-1935), autor de “Arrufos”, que retrata a discussão de um casal, e Almeida Júnior (1850-1899), autor de “O Descanso do Modelo”. Mais tarde, Almeida Júnior aproxima-se de um realismo mais comprometido com as classes populares, como em “Caipira Picando Fumo”.

"O Descanso do Modelo"
Na literatura, o realismo manifesta-se na prosa. A poesia da época vive o parnasianismo. O romance é a principal forma de expressão, tornando-se veículo de crítica a instituições e à hipocrisia burguesa. A escravidão, os preconceitos raciais e a sexualidade são os principais temas, tratados com linguagem clara e direta.

O realismo atrai vários escritores, alguns antes ligados ao romantismo. O marco é a publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, que faz uma análise crítica da sociedade da época. Ligados ao regionalismo destacam-se Manoel de Oliveira Paiva (1861-1892), autor de “Dona Guidinha do Poço”, e Domingos Olímpio (1860-1906), de “Luzia-Homem”.
No teatro, os problemas do cotidiano ocupam os palcos. O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem passa a ser coloquial.
Entre os principais autores estão romancistas realistas, como Machado de Assis, que escreve “Quase Ministro”, e alguns românticos, como José de Alencar, com “O Demônio Familiar”, e Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), com “Luxo e Vaidade”. Outros nomes de peso são Artur de Azevedo (1855-1908), criador de comédias e operetas como “A Capital Federal” e “O Dote”, Quintino Bocaiúva (1836-1912) e França Júnior (1838-1890).






















2 comentários:

jabim disse...

http://wanderson81.blogspot.com/

Jabim disse...

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