sábado, 11 de dezembro de 2010

ARTE AMBIENTAL

ROBERT SMITHSON


Os artistas conceituais frequentemente trabalham longe de museus e galerias. Artistas da terra, como ROBERT SMITHSON levou adiante vários projetos, usando tratores e movimentando toneladas de terra.

Pintor e escultor norte-americano, Robert Smithson nasceu em 1938, em Passaic. Estudou no Art Students League em Nova Iorque.
Até meados da década de 60, executa uma série de pinturas que o associam ao movimento do Expressionismo Abstrato, realizando posteriormente alguns objetos de caráter minimalista.
Em 1966, participa na exposição "Estruturas Primárias", em conjunto com outros artistas ligados aos fenômenos artísticos da Arte Conceptual e da Arte Minimal.
Smithson confronta-se com a limitação e saturação criativa determinadas pelo espaço expositivo tradicional das galerias e procura transportar a ação e experiência artísticas para a natureza.
Dessa forma, o artista elege territórios remotos como suporte para um trabalho eminentemente artesanal que emprega exclusivamente materiais naturais e amplia a dimensão dos objetos para a escala da paisagem, tornando-se então um dos principais representantes do movimento da Land Art nos Estados Unidos.
Os trabalhos que realiza neste período assumem o caráter de topografias ou geologias artificiais e integram frequentemente as qualidades físicas e os acidentes naturais dos lugares onde se inserem, sendo em grande parte realizados para serem observados do ar.
A preferência deste artista por formas básicas com caráter fortemente simbólico encontra-se patente numa das suas mais famosas obras, o "Spiral Jetty" ("Molhe em Espiral"), realizado em 1970 na costa do Great Lake, no estado do Utah.
Esta intervenção em forma de espiral, construída com terra, assumia-se como um enorme símbolo arcaico (com evidente referência a algumas representações das culturas pré-históricas) na vasta paisagem, questionando a comum divisão entre produção cultural e natureza. Com caráter efêmero, esta escultura foi lentamente submergida pelo lago, mas reemergiu posteriormente.
Robert Smithson executou outros trabalhos, com caráter e preocupações estéticas semelhantes, como o "Spiral Hill" (1971) e o "Broken Circle" (1972), realizado num território próximo da povoação de Emmen, na Holanda.
Morreu em Amarillo, no Texas, em 1973, em consequência dum desastre de helicóptero, enquanto inspecionava "Amarillo Ramp", o seu último trabalho.

"Spiral Jetty"

"Broken Circle"





"Amarillo Ramp"




CHRISTO
Christo Javacheff nasceu na Bulgária em 13 de Junho de 1935.



Frequentou as Academias de Belas-Artes de Sofia e Viena. A revolução comunista levou-o a abandonar o seu país, tendo ido para Paris em 1958, onde desenhou para sobreviver.
Aderiu ao movimento “Nouveaux realistes” e também esteve ligado ao grupo KWY, constituído por vários artistas portugueses entre os quais René Bertholo e Costa Pinheiro, actualmente residentes no Algarve.
Conhece a francesa Jeanne-Claude, nascida em Casablanca, curiosamente também a 13 de Junho de 1935, com quem veio a casar.
Em 1964 partem para os Estados Unidos e tornam-se famosos no domínio da chamada “arte efêmera”, através de intervenções grandiosas e controversas que modificam por completo a percepção habitual de um monumento ou de uma paisagem.






CHRISTO VLADIMIROV JAVACHEFF, o artista dos embrulhos, especializou-se em embrulhar temporariamente prédios e pontes e até um milhão de metros quadrados da costa australiana, com plástico. Em 1983, ele envolveu 11 ilhas da Biscayne Bay, na Flórida, em tule de polipropileno cor-de-rosa. Para ele, o ato de embrulhar é temporário e tem como objetivo revelar as formas essenciais do objeto.

O empacotamento do telefone retira ao aparelho o seu caráter funcional e familiar. Algumas linhas verticais e diagonais também colaboram para o deslocar da sua esfera de funcionalidade e propiciam uma inter-ação entre pessoa e objeto de forma diferente da usual.




 “Sombrinhas azuis no Japão” foi um projeto iniciado em 1984, mas a sua execução só foi autorizada em 1991.

Todos os projetos de Christo têm como filosofia subjacente o fato de serem temporários, convidando o público a participar numa experiência artística dinâmica, momentânea, finita, livre e gratuita.

O seu objetivo é que as suas intervenções levem as pessoas a considerar aquilo que para elas se tornou apático e irrelevante.
Embrulhar a “Pont Neuf”, em Paris, leva as pessoas a apreciarem a sua preciosa ponte. Projeto iniciado em 1975 e executado em 1985.






“O mais significativo nestes projetos é a emoção que transmitem; é difícil explicar… uma energia!”

Para o casal de artistas, rodear uma ilha com tecido rosa-shoking faz às pessoas a repensarem na generosidade da natureza.

Surround Islands - 1983 - Biscayne Bay - Greater Miami

Plantar pórticos e bandeiras cor de açafrão no “Central Park de Nova Iorque” corresponde transformá-lo num templo que convida as pessoas a reflexão, percepção e admiração.
O projeto consistia em criar uma contemplação visual, que retirasse as pessoas da rotina e transportasse-as à introspecção.

A sensação assemelha-se ao correr de um rio imaginário onde as pessoas passeiam por entre as árvores e tendo com proteção suas sombras e o carinho do ar livre.

O Central Park torna-se um paradoxo: a vitória da natureza no meio da selva de pedras.


Depois de muitos anos de discussão, em 25 de Fevereiro de 1994, o Parlamento alemão aprovou o plano do artista plástico Christo de “empacotar” o prédio do Reichstag, em Berlim. O projeto iniciado em 1971 e executado em 1995.

Um ano antes, exatamente no dia 25 de fevereiro, um polêmico debate, seguido de votação nominal no Bundestag, havia aprovado o empacotamento.
Nos seus mais de cem anos de história, o prédio do Reichstag foi a sede de governo em duas guerras promovidas pela Alemanha. A própria arquitetura é controvertida. Quando o projetou, Paul Wallot afirmou que queria diferenciar claramente o prédio do Parlamento, para que "não fosse confundido com uma estação ferroviária nem um palácio da Justiça".
Outro ponto polêmico em torno do prédio é a inscrição na sua fachada “Dem Deutschen Volke” – Ao Povo Alemão.
A inscrição só foi gravada em 1916, depois de 24 anos de polêmica.

Parlamento Empacotado”

“Eu nasci na Bulgária e fugi para o Ocidente. Desejei muito concretizar este projeto por representar o encontro entre Leste e Oeste. Se eu tivesse nascido em Nebrasca, por exemplo, não teria motivos para empacotar o Reichstag.”

A então presidente da câmara baixa do Parlamento, Rita Süssmuth, lembra os principais argumentos dos críticos:
"Alguns achavam que iria ferir a honra do Parlamento, outros diziam que o dinheiro poderia ser melhor empregado em programas sociais".
Jeanne-Claude, esposa e empresária do mentor do projeto, contesta os que consideravam o Reichstag um símbolo antidemocrático:
"Afinal, com mais de cem anos, ele é um dos parlamentos democráticos mais antigos da Europa, ao lado do da Suíça. Não se deve pensar nos momentos ruins por que ele passou, ou nas decisões erradas ali tomadas, e sim nos tempos bons".

Christo começou a se ocupar com o projeto do empacotamento em 1961. A localização do prédio, na confluência entre o Leste e o Ocidente, no centro da Europa, deu a ele um significado especial, depois do fim da Guerra Fria. Abandonado durante 40 anos, no território da ex-Alemanha comunista, pareceu despertar de um sono profundo em 1989, depois da queda do Muro de Berlim.

Transformação e movimento foram os elementos centrais da obra de Christo. De 23 de junho a 6 de julho de 1995, milhares de pessoas viram e fotografaram o prédio, enrolado em cem mil metros quadrados de um tecido especial de alumínio. Depois, o tecido foi substituído pelos andaimes para a reforma completa do prédio, a cargo do arquiteto britânico Norman Foster.
Após a transferência do governo alemão de Bonn para Berlim, o prédio foi reinaugurado em 19 de abril de 1999 como sede do Bundestag.
Os custos da concepção e da montagem de todos estes projetos ficam sempre a cargo dos próprios autores. Christo e Jeanne-Claude não aceitam qualquer tipo de subsídios ou patrocínios, nem fazem qualquer tipo de “marchendasing”, aliás, proíbem-no determinantemente. A única fonte de rendimento do casal de artistas está na venda dos desenhos preparatórios, de litografias, de serigrafias, de fotografias assinadas e dos filmes. Recusam doações e patrocínios:”queremos trabalhar em total liberdade e por isso não podemos sentir-nos obrigados perante ninguém. Claro que sai caro mas trabalhamos pelo puro gozo da alegria e da beleza. Fazemo-lo por nós, pelo nosso próprio prazer e dos nossos colaboradores”.
Todas as estruturas e materiais utilizados nos projetos, em seguida, são desmontados e reciclados e nenhuma marca sobrará da sua existência, para além daquela que permanecerá em todos os que viveram a sua experiência.
Outra grande façanha do casal de artista foi “embrulhar” a baía de Sydney, na Austrália, em 1969, o “Wrapped Coast”.


A obra contou com o apoio de 130 pessoas que trabalharam por 17.000 horas para sua concretização e, foi utilizado 9.300 m de tela sintética e 56 quilômetros de corda.
A arte de Christo-Claude divide opiniões. Alguns consideram uma manifestação de arte ecológica; outros, uma forma de protesto, mas, para os artistas, trata-se de um recurso estético.
“É preciso muito mais coragem para criar peças que irão desaparecer do que para criar peças que ficam”, diz Christo.
Running Fence”
Christo-Claude pretendem reeducar o nosso olhar ao dar uma segunda pele aos objetos.

Com o intuito de transformar a percepção convencional, desperta a necessidade de atribuir novas sensações aos objetos, ainda que reconhecidos em seu estágio primário. Os artistas atribuem nova roupagem aos objetos, induzindo as pessoas a se desvincularem da rotina, gerando novos interesses em obras que até então, passavam despercebidas devido á correria do dia a dia.
É interessante acrescentar que além dos desenhos preparatórios nada sobra de sua obra de arte. Suas intervenções são retiradas em cerca de duas semanas de exposição, não deixando marcas ou vestígios.
Dessa forma, trata-se de uma obra visual transitória, onde sua presença no tempo é registrada através de fotos e vídeos, porém, torna-se eterna na memória de seus observadores.

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