I – DADOS CRONOLÓGICOS:
O apogeu do Império Bizantino deu-se no século VI, quando governava Justiniano, que procurou desenvolver, além da economia, a cultura do seu Império, incentivando as artes e as letras.
O Império Bizantino durou até 1453, quando nessa data os turcos resolveram tomá-lo.
II – CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL:
Em 395, o Imperador Teodósio dividiu em duas partes o imenso território que dominava: o Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente.
O Império Romano do Ocidente ficou com a capital em Roma e após sucessivas invasões bárbaras, caiu em poder dos invasores, no ano de 476, data que marca o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média.
O Império Romano do Oriente sofreu muitas crises políticas, mas conseguiu manter sua unidade até 1453, quando os turcos tomaram Constantinopla e teve início um novo período histórico: a Idade Moderna.
O Imperador Constantino em 330 fundou Constantinopla, no local onde ficava Bizâncio, antiga colônia grega, que serviu de palco para as grandes criações artísticas da época.
No entanto, o termo “bizantino”, derivado de Bizâncio, estende-se às criações culturais de todo o Império do Oriente.
O “Império Bizantino” alcançou seu apogeu cultural durante o governo do Imperador Justiniano, que reinou de 527 a 565.
A decadência do Império Bizantino aconteceu após a morte de Justiniano em 565, o império perdurou até o século XV quando Constantinopla foi, por fim, dominada pelos turcos otomanos, em 1543 e surge o Renascimento.
III – CARACTERÍSTICAS:
- Arte convencional;
- Exclusivamente a serviço de Deus e do Imperador;
- Desconhece o volume, ignora a perspectiva e a profundidade do espaço e empregava em profusão as superfícies planas, onde sobressaíam melhor os ornamentos luxuosos e complicados que acompanham as figuras;
- Gosto puramente decorativo, com o ornamento predominando sobre a figura;
- Exaltação da cor, pompa, luxo e esplendor;
- Puramente espiritual;
- Preocupa-se somente com o Divino e com o Eterno;
- É a menos sensual de todas as artes;
- Expressa a autoridade absoluta do Imperador, considerado sagrado, representante de Deus e com poderes temporais e espirituais;
- Frontalidade – a postura rígida da figura leva o observador a uma atitude de respeito pelo observador, que vê nos soberanos e nas personagens sagradas, seus senhores e protetores;
- Determinação do lugar de cada personagem sagrada na composição e indicando como deveriam ser os gestos, as mãos, os pés, as dobras das roupas e os símbolos;
- A representação de personalidades oficiais sugeria que se tratava de personagens sagradas. As personagens sagradas, por sua vez, eram reproduzidas com as características das personagens do Império;
- Arte cristã de caráter eminentemente cerimonial e decorativa;
- A harmonia das formas da arte grega foi substituída pela imponência e riqueza dos materiais e dos detalhes;
MOSAICO
O mosaico é a expressão máxima da arte bizantina e, não se destinava somente a decorar as paredes e abóbadas, serve também de fonte de instrução e guia espiritual aos fiéis, mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas, e dos vários imperadores.
A técnica da decoração com mosaico, isto é, pequeninas pedras, de vários formatos e cores, unidas com gesso, que colocadas lado a lado vão formando o desenho, conheceu seu auge na época do românico.
Usado desde a Antiguidade, é originária do Oriente onde a técnica bizantina utilizava o azul e dourado, e a grande luminosidade assim criada procurava representar a vida celestial.
Recobre as paredes, as absides e as cúpulas das igrejas. São de cores vivas e refletem a luz natural que entra pelas janelas.
As figuras são representadas de frente e verticalizadas para criar certa espiritualidade, rígidas e o fundo dourado, o que produz uma sensação de riqueza. Neles, por exemplo, as pessoas; a perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é utilizado em abundância, pela sua associação a um dos maiores bens materiais: ouro.
Um de seus melhores exemplos é o mosaico de Teodora, esposa do imperador Justiniano, em Ravena.
Teodora, detalhe de mosaico bizantino na Basílica de São Vital, Ravenna.
Mosaico com imagem de Justiniano na Basílica de São Vital em Ravenna
O imperador Justiniano - Mosaico na Basílica de San Vitale em Ravenna
O grande destaque da arquitetura foi a construção de igrejas, facilmente compreendido dado o caráter teocrático do Império Bizantino.
A religião ortodoxa, além de inspiradora, funcionava como censora - o clero estabelecia as verdades sagradas e os padrões para representação de Cristo, da Virgem, dos Apóstolos, ou para exaltação da pessoa do imperador que, além de absoluto, com poderes ilimitados sobre todos os setores da vida social, era o representante de Deus na terra, com autoridade equiparada à dos Apóstolos. Assim, ao artista cabia apenas a representação segundo os padrões religiosos, pouco importando a riqueza de sua imaginação ou a expressão de seus sentimentos em relação à determinada personagem ou doutrina sacra, ou mesmo ao soberano onipotente. Essa rigidez explica o caráter convencional e uniformidade de estilo, constantes no desenvolvimento da arte bizantina.
Sua história pode ser dividida em três fases principais: a idade do ouro, a iconoclastia e a segunda idade do ouro.
A primeira fase (idade do ouro) corresponde ao reinado de Justiniano (526 a 565), quando se construiu a igreja de Santa Sofia o maior e mais representativo dos monumentos da arte bizantina.
A segunda fase se caracterizou pela iconoclastia, movimento que começou mais ou menos em 725, com um decreto do Imperador Leão III que proibia o uso de imagens nos templos.
A terceira fase é considerada a segunda idade de ouro (séculos X e XIII) e nele se deu um novo apogeu das pinturas e mosaicos tão combatidos pelo movimento iconoclasta.
A necessidade de construir Igrejas espaçosas e monumentais, determinou a utilização de cúpulas sustentadas por colunas, onde haviam os capitéis, trabalhados e decorados com revestimento de ouro, destacando-se a influência grega.
As características predominantes eram a cúpula (parte superior e côncava dos edifícios) e a planta de eixo central. Herdeira do arco e da abóbada, mas também, do plano centrado, de forma quadrada ou em cruz grega, com cúpula central e absides laterais.
A cúpula procura reproduzir a abóbada celeste e o seu emprego arquitetônico numa igreja de certo modo, evocava o poder sagrado e universal do governante.
A cúpula era suspensa sobre uma construção quadrada ou pousada diretamente em construções de formas circulares. Os arquitetos bizantinos mantiveram o formato arredondado não colocando o tambor (grande arco circular sobre o qual se assentara a cúpula) diretamente sobre a base quadrada; em cada um de seus lados ergueram um arco, sobre os quatro arcos colocaram um tambor, e, sobre este, com simplicidade e segurança, a cúpula.
A cúpula é originária da Ásia Menor, cujos povos, que sempre se distinguiam como arquitetos, recorreram ao expediente de suspendê-la sobre uma construção quadrada ou pousaram-na diretamente em construções circulares. Os persas imaginaram outra alternativa, colocando sobre a base quadrada uma cúpula octogonal. A solução encontrada pelos persas para a colocação de cúpula sobre uma construção quadrada foi o abandono da forma circular para base e a adoção da forma octogonal, sobre a qual se erguia a cúpula, já não totalmente redonda, mas facetada em oito "triângulos" curvos.
Cúpula persa
Cúpula bizantina
A planta de eixo central, ou de cruz grega (quatro braços iguais), se impôs como consequência natural da utilização da cúpula. Os pesos e forças que se distribuem por igual na cúpula exigem elementos de sustentação também distribuídos por igual, e essa disposição ocorre menos facilmente na planta retangular ou de cruz latina, com braços desiguais. Toda construção religiosa possui uma significação cósmica. Aqui chama a atenção na arquitetura bizantina, em especial, o significado místico que se encontra presente em um elemento específico: a cúpula. Esta não é apenas um elemento arquitetônico decorativo, pois corresponde às concepções estéticas fundamentadas em um simbolismo preciso. A cúpula representa: a abóbada celeste.
No interior das igrejas podiam ser observados os trabalhos em mosaicos e os ícones (grego, “imagem”), quadros que representavam figuras sagradas.
Ao pintar os ícones, os artistas bizantinos recorriam a alguns recursos para realçar os efeitos de luxo e riqueza: revestiam a superfície da madeira ou da placa de metal com uma camada dourada; para adquirirem a cor de ouro e colocavam jóias e pedras preciosas.
BASÍLIA DE SANTA SOFIA, ISTAMBUL, TURQUIA
A Basília de Santa Sofia, Istambul, Turquia é o mais grandioso exemplo dessa arquitetura, onde trabalharam mais de dez mil homens durante quase seis anos.
Projetada pelos arquitetos e professores de geometria da Universidade de Constantinopla, Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto, por fora, o templo aparenta ser muito simples, porém internamente apresenta grande suntuosidade.
O substantivo SOPHIA significa em grego, “sabedoria”. Dado esse nome à igreja, tornou-se simbolicamente, a depositária da santificada sapiência e transformou-se no centro da vida eclesiástica da Igreja Oriental.
A primeira grande igreja de Hagia Sophia foi mandada construir por Constantino, em 360, mas um incêndio durante as insurreições de 532 destruiu-a completamente. Reconstruída com incrível rapidez, até 537, Justiniano dedicou-a a Sagrada Sabedoria (Hagia Sophia) com as seguintes palavras: "Salomão, venci-te!" (Todavia, convém lembrar que a carcaça de tijolo de um edifício bizantino podia ser terminada e usada muito antes de se ter começado a decoração da superfície com mármore e mosaico).
Entretanto seria errôneo estudá-la em separado, pois devemos considerá-la enquanto relacionada ao resto do edifício, com o fim de compreender o simbolismo cosmológico dessa arquitetura em toda a sua extensão. A cúpula representa o céu e sua base a terra, assim, o edifício completo representa uma imagem do cosmos. Esta não é, entretanto, uma invenção bizantina. Sua origem remonta um longo passado, tanto no mediterrâneo oriental quanto no ocidental.
A liturgia bizantina e a planta das suas igrejas constituíam também - tal como a estrutura e a decoração - uma unidade integrada. Este aspecto foi discutido; diz-se que a planta altamente centrada - como em Ravena ou em Hagia Sophia - proporcionava uma área central, por baixo da cúpula, mas que o altar era relegado para segundo plano, ficando numa pequena abside. Esta afirmação, porém, deturpa a liturgia bizantina, confundindo-a com a liturgia ocidental ou romana, onde o clímax, a elevação do sacramento, tem lugar no extremo da longa perspectiva da nave central, no altar-mor. Todavia, este clímax não era o momento supremo da cerimônia bizantina.
A Basílica possui uma cúpula de 55 metros apoiada em quatro arcos plenos. Esta técnica permite uma cúpula extremamente elevada a ponto de sugerir, por associação à abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto. Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel ricamente decorado, mosaicos com formas geométricas, de cenas do Evangelho e chão de mármore polido.
O espaço por baixo da cúpula de Hagia Sophia, em Constantinopla, sem interrupção de degraus ou colunas, tem cerca de 76 m de comprimento por 30,5 m de largura. Bastante acima, nos mosaicos, os santos e o Cristo Pantokrátor brilham na penumbra. O povo aglomera-se nas naves laterais e nas galerias. O pavimento de mármore da vasta área central fica vazio.
Ouve-se um rumor monótono por detrás das cortinas, na abside distante, onde os sacerdotes procedem aos ritos sacramentais - o Grande Mistério. O patriarca, o clero e os acólitos fazem a sua entrada processional. Minutos mais tarde, a Família Imperial e Divina ocupa também o seu lugar debaixo da cúpula. Na época de Justiniano, no século VI, todo o ritual tinha sido elevado ao estatuto de bailado divino.
O pavimento de mármore, anteriormente vazio, enchia-se de mantos incrustados. O momento supremo ocorre quando o patriarca e o imperador trocam o beijo da paz e partilham o cálice. Para este efeito se construiu a cúpula - tinha uma função bastante específica.
Hagia Sophia é um vasto retângulo, que mede aproximadamente 100 m X 70 m, com um nártex, ou pórtico, interior e, primitivamente, um átrio ou pátio anterior. O corpo principal da igreja tem naves circundantes, com pouco mais de 15 m de largura, com abóbadas e galerias. Estas naves laterais estão separadas da área central por colunatas - tendo cada coluna um fuste simples de mármore. Estas naves reduzem a área litúrgica central para 76 metros X 33 m. A cúpula tem 33 m de diâmetro, mas o espaço que cobre estende-se para oriente e ocidente, por meio de grandes semicúpulas adjacentes. Estas, por seu turno, abrem para espaços semicirculares, chamados "exedras". A cúpula principal assenta sobre um quadrado, suportada por quatro pendentes e quatro grandes arcos. Estes quatro arcos transmitem o empuxo para o lado oriental e ocidental mediante as semicúpulas acima descritas, e para o lado norte e sul, mediante quatro grandes contrafortes, cada um com cerca de 18 m por 7,5 m, que emergem exteriormente acima dos telhados, das naves laterais.
Só se consegue perceber a disposição do todo com a ajuda da planta e do diagrama. Têm-no comparado a uma massa de bolas de sabão, saindo umas das outras. As semicúpulas suportam o empuxo da cúpula principal e, por sua vez o empuxo atinge finalmente o solo, a mais de 30 m do primeiro ponto de impacto. É um maravilhoso feito de engenharia. Tudo poderia ter terminado num caos estético, não tivessem as semicúpulas e arcos principais arrancado de uma linha horizontal que ocorre a toda a volta do interior. Abaixo desta linha, todas as paredes eram revestidas de mármore, acima dela só havia mosaicos. Isso conferiu-lhe unidade.
A grande cúpula - a 56 m do solo - tem na realidade nervuras. Isto é pouco comum nas obras bizantinas, mas possibilita que o empuxo da cúpula se transmita às 40 nervuras e que, entre estas, na base da cúpula se abram 40 pequenas janelas. Este círculo de luz difusa faz reverberar os mosaicos azuis e dourados. Por isso, Procopius afirmou que a cúpula de Procopius estava suspensa do céu por uma corrente.
O objetivo dos arquitetos, Anthemius de Tralles e Isidorus de Mileto, era construir um interior não só impressionante, mas também funcional. Os espaços de Hagia Sophia - arena, naves laterais, exedras, conchas, abóbadas e cúpulas - abrem todos para fora e para cima, proporcionando perspectivas, relances que vão mudando; tudo é misterioso e semioculto e, todavia, tudo está revelado. Procopius descreveu as suas contradições: luz e penumbra, espaço e massa, mistério e claridade. As abóbadas pairam, as colunas executam uma dança coral, a cúpula central está suspensa do céu. Procopius descreveu também as cores: os mosaicos, o brilho difuso do mármore cinzento nas paredes, os fustes de mármore esverdeado, azul e amarelo com veios, os relevos riçados dos capitéis, a madrepérola e as luzes douradas suspensas.
Hagia Sophia foi à conclusão lógica do sistema bizantino: estrutural, decorativa e funcional. Nas outras igrejas de Constantinopla e do império, a função não podia evidentemente, ser a mesma de Hagia Sophia, uma vez que o imperador não aparecia nelas. Mas tornou-se comum o clero ocupar toda a nave central e os fiéis permanecerem nas naves laterais, nas galerias e no nártex. Deste modo, a cúpula central mantinha o mesmo significado litúrgico que na catedral imperial, uma vez que era debaixo dela que ocorria o clímax da eucaristia.
Embora muitas igrejas de Justiniano se assemelhem a Hagia Sophia pelo seu esquema, nenhuma tentou rivalizar em magnificência.
Em 1935, Hagia Sophia, foi convertida em museu e é agora um dos mais conhecidos da Turquia.
O portão imperial conduz-nos à nave central de Hagia Sophia, o magnífico efeito criado pela enorme cúpula, pelas colunas e arcos de mármore é irresistível. A cúpula tem aproximadamente 55,6 metros de altura por 31,4 metros de largura. Devido às reparações e aos sismos ao longo dos séculos, a cúpula já não é completamente circular. O teto é completamente coberto de mosaicos. A cúpula assenta sobre quatro grandes arcos e estes suportados por quatro pilares. Algum do peso da cúpula é transmitido para semicúpulas, na ala norte e ala sul, e para as secções inferiores.
O interior de Hagia Sophia contém 107 colunas, 40 das quais se encontram no piso térreo, e as restantes acima, na galeria. Ao longo dos anos foram construídos contrafortes exteriores, contra quase todas as paredes, para minimizar os estragos causados por diversos sismos.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO EDIFÍCIO:
Hagia Sophia foi construída com base numa basílica. Aparentemente, haveria uma nave central, uma a norte, outra a sul e dois nártexes a oeste.
Nave Norte
Só na nave central é possível avistar a cúpula. A galeria foi construída num segundo piso por cima de duas naves laterais e do nártex interior. A distância do portão imperial ao abside (oratório) é de 79,3 metros. O comprimento do edifício é de aproximadamente 100 metros, a largura da nave principal é de 32,3 metros e junto com a das naves laterais obtemos uma largura total de 70 metros. Dessas medidas conclui-se que Hagia Sophia cobre uma área de aproximadamente 7000 metros quadrados, sendo a quarta mais larga, bem como a mais antiga igreja depois de S. Pedro em Roma, a Catedral de Sevilha e a Catedral de Milão.
Após ter sido utilizada como mesquita por quase 500 anos, depois de 1453, as estruturas islâmicas; tais como os minaretes construídos nos cantos do edifício principal, a fonte (sadirvan), o mausoléu (turbe), e o refeitório (imare), etc. deram a Hagia Sophia um aspecto de mesquita. Consequentemente, a arquitetura característica do século VI aparece quase exclusivamente no interior do edifício.
Nartex exterior
Representação esquemática de uma planta de catedral. O vestíbulo (ou nártex) é a área colorida.
As portas de entrada para Hagia Sophia não estão decoradas com motivos bizantinos antigos. A entrada principal conduz-nos ao nártex exterior, que mede 60,9 metros de comprimento por 6,03 metros de largura e o seu teto está repleto de arcos apoiados em colunas. Na era bizantina o nártex exterior estava reservado para aqueles que ainda não tinham sido batizados. As portas de acesso aos minaretes construídas na era Otomano encontram-se na ala norte e ala sul.
Originalmente existiam sete portas do átrio para o nártex exterior. Atualmente duas dessas portas, não são utilizadas e outras duas dão acesso a salas posteriormente construídas. A maior parte dos tesouros arqueológicos exibidos neste local são objetos bizantinos encontrados em diversos locais de Istambul. Entre estes estão placas de argila contendo as decisões do Tratado de 1166. Do nártex exterior existem cinco entradas para o nártex interior. As portas de madeira maciça cobertas de placas de bronze pertencem à era bizantina, descobriu-se recentemente, após restauro, que as três portas do meio haviam sido banhadas a ouro. Estas portas estão decoradas com uma beleza excepcional. As outras duas foram modificadas.
Nártex interior
A grande porta no lado norte do nártex interior abre-se para uma galeria superior. A porta no lado sul dá acesso a um vestíbulo que nos leva ao que tem sido a entrada principal do edifício desde o século X.
Existem nove portas do nártex para os corredores principais. Destas, as três da ala sul, eram usadas pelo público, os que procuravam o santuário usavam as da ala norte. Estas têm um desenho simples, mas as três do meio, usadas pelo imperador, têm uma decoração elaborada. A porta imperial é a mais impressionante. As fontes indicam que, originalmente, estas portas eram cobertas de placas de ouro e prata, as quais foram arrancadas pelos Cruzados. Só a título de curiosidade, quando a porta mais larga foi limpa foram encontrados vestígios de ouro. Diz à lenda que esta porta teria sido feita com madeira retirada da Arca de Noé. Nenhuma das portas, atualmente, lá existentes é original. Por cima do portão imperial há um ornamento em bronze que tem sido alvo de muitas lendas interessantes. A gravura nele contida apresenta um trono, um livro aberto e um pombo.
Nave principal
O chão da nave principal é coberto de mármore branco e cinzento. A área quadrada do pavimento perto do púlpito do padre é decorada com placas quadradas e circulares de mármore. Segundo fontes, os imperadores eram aqui coroados no século XIII. O tipo de chão é estranho ao estilo arquitetônico de Hagia Sophia, por isso, deve ser proveniente de outro monumento.
O púlpito do padre e os pequenos assentos eram postos de maneira a não perturbar o efeito da arquitetura geral.
As enormes urnas, em ambos os lados do portão imperial, foram trazidas das antigas ruínas de Bergama. Segundo rumores foram uma oferta do Sultão Murad III a Hagia Sophia.
Nave Sul
Perto destes, no lado sudoeste, existe uma coluna retangular decorada com pinturas. Existiam muitas lendas acerca destas pinturas. As fontes indicam que este pedaço de pedra, originalmente encontrado na igreja de Theotokos em Ayvansaray, só mais tarde foi transformado em coluna. Estas pinturas foram aceites como sendo pintadas à mão pela Virgem Maria.
A área em frente à biblioteca, entre as colunas e o pilar, era conhecida por "Metatorium". O imperador assistia às cerimônias religiosas daí.
A decoração das paredes e do teto são idênticas as da nave sul. Os painéis das paredes representam temas diferentes. Perto da porta para o nártex está um pilar retangular, estando à base do qual coberta com uma placa de prata com um buraco. É objeto de várias lendas e é conhecido como "coluna que transpira". Nos tempos bizantinos referiam-se a ela como "coluna milagrosa de S. Gregório". Atrai a maior parte da atenção em Hagia Sophia.
Os visitantes colocam o dedo no buraco e formulam um desejo, e acreditam que se torne realidade se o seu dedo sair úmido. Alguns acreditam que a umidade proveniente do pilar cura doenças dos olhos. Na realidade a pedra, da qual o pilar é feito, absorve umidade com facilidade. O buraco é pura coincidência.
A Cúpula
A cúpula é construída com tijolos de vidro e o seu interior é coberto com mosaicos decorativos brilhantes, desde o topo até a sua base. Documentos indicam que o topo previamente decorado com mosaicos representando Cristo o Pantocrator, atualmente foi substituído por inscrições do Corão, os quais foram criados por Kazasker Izzet Efendi no século XIX.
As quarenta janelas na base da cúpula são decoradas com mosaicos multicolor. Anjos de quatro asas são representados de pendentes. Os anjos nos pendentes a este são em mosaico, nos pendentes a oeste são afrescos. Visto que o código religioso islâmico é contra as figuras representativas, as faces dos anjos foram cobertas com medalhões em ouro no século XIX, durante a última grande restauração.
Abside
A semicúpula da abside é completamente coberta de mosaicos. Quando o estuque foi removido em 1935, foi descoberto um painel representando a Virgem Maria com o menino Jesus ao colo. Nesta cena aparecem também dois anjos. O arcanjo Miguel, a norte, está destruído em quase toda a sua totalidade. O arcanjo Gabriel está em pé à direita, com um globo na sua mão esquerda, encontra-se também deteriorado.
A figura da Virgem Maria encontra-se, ainda, em perfeitas condições, veste um manto verde e está sentada num trono repleto de jóias. O menino Jesus veste um manto dourado, e apresenta uma expressão muito madura na sua face. Este painel data do século IX.
Pouco se conhece acerca da decoração das enormes janelas da abside durante a época bizantina. Os vitrais existentes, atualmente, são de design turco do século XIX. As partes superiores dos arcos ligadas às janelas estão decoradas com pequenos painéis redondos, inscritos com as palavras: "Allah", "Muhammed" e o nome dos Califas. Estas decorações estão em total harmonia com a restante ornamentação arquitetônica.
Devido à abside não se encontrar orientada para Meca, os arquitetos islâmicos optaram por um virado para sul, desde que Hagia Sophia se tornou mesquita.
Existem inscrições do Corão num friso de telhas azuis, o qual se estende ao longo da abside.
Os candelabros de bronze existentes em frente ao altar, foram trazidos da Hungria por Kanuni Sultan Suleyman como oferta para Hagia Sophia. Ambos os lados da abside estão cobertas com telhas decorativas turcas. A zona norte foi convertida numa tribuna imperial, sendo-lhe adicionado um chão e decorada com telhas, contém, ainda, um pequeno altar. Era usada pelos sultões até Mahmud II (1808-1833). A ornamentação e arquitetura da abside apresentam características turcas, bizantinas e de arte barroca européia.
Numerosas janelas foram construídas nas paredes, das alas norte e sul, para suavizar o peso da cúpula na parede através dos arcos. As paredes são suportadas por pilares.
Figuras em azulejo de líderes religiosos com vestes de cerimônia, com os seus nomes abaixo inscritos, decoram os nichos da parede norte. De oeste a este: no primeiro nicho está Santo Inácio, patriarca de Constantinopla; no nicho central, São João Crisóstomo, e no terceiro está Santo Inácio, o Theóforo, patriarca de Antioquia. Todos eles datados do século X.
Paredes
As paredes da nave principal estão cobertas de mármore até a parte superior da galeria. As paredes das naves laterais e do nártex interior estão cobertas com mármore desde o chão até ao teto.
Estes valiosos mármores de todas as cores e de diferentes regiões do império foram especialmente escolhidos para Hagia Sophia. Diz-se que o mármore branco, proveniente da ilha de Marmara (Proconnenus); o mármore verde, da ilha de Egriboze do Monte Tagetus: o mármore rosa de Synada; o mármore amarelo de África e o vermelho de África do Norte foram trazidos para Constantinopla. O mármore foi cortado de maneira a que os veios ficassem simétricos para criar padrões decorativos para adornar as paredes. Descrições gravadas na pedra em forma de painel encontram-se majoritariamente nas duas naves laterais, embora, alguns encontram-se por cima do portão imperial. Em redor das redondilhas decorativas são representados golfinhos e, acima deles, o tridente de Poseidon. Acima destes dois painéis existe um ornamento em forma de templo.
Por detrás das cortinas, entre as colunas, consegue ver-se uma cruz. Depois da igreja ter sido convertida em mesquita, painéis com inscrições do Corão foram colocados em certos locais do edifício. Até ao século XIII eram pendurados, em pilares, enormes painéis ao nível da galeria. Quando estes se deterioraram, foram substituídos por medalhões de 7,5 metros de diâmetro durante o reinado do Sultão Abdulmecid, e inscritos, pelo famoso caligrafista Kazasker Mustafa Izzet Efendi, com as seguintes palavras: "Allah", "Muhammed" e os nomes do primeiro Califa e dos filhos do Califa Ali.
Numerosas janelas foram construídas nas paredes, das alas norte e sul, para suavizar o peso da cúpula na parede através dos arcos. As paredes são suportadas por pilares.
Figuras em azulejo de líderes religiosos com vestes de cerimônia, com os seus nomes abaixo inscritos, decoram os nichos da parede norte. De oeste a este: no primeiro nicho está St. Ignatius, patriarca de Constantinopla; no nicho central, Sto. Chrysostom, e no terceiro está St. Ignatius Theophorus, patriarca de Antioch. Todos eles datados do século X.
Colunas e capitéis
As colunas, capitéis e os arcos que os ligam são elementos importantes da beleza arquitetônica de Hagia Sophia. Pode dizer-se que as obras primas do século VI respeitantes à gravura encontram-se aqui. Os capitéis das colunas são meticulosamente esculpidos num delicado rendilhado.
Os monogramas de Justiniano e da sua esposa Theodora podem, também, ser vistos nos capitéis das colunas. A gravação nos arcos que ligam às colunas mostra a mesma qualidade de trabalho. A secção inferior dos arcos está decorada com mosaicos, e a superfície exterior está ornamentada em "opus sectile".
As mais importantes, das 107 colunas de Hagia Sophia estão no piso térreo. Algumas delas foram trazidas dos templos antigos e de monumentos de diferentes regiões do império.
Fontes históricas concordam que foram adquiridas do Templo do Deus Sol em Heliopolis, do Templo de Artemis em Ephesus e de monumentos de Roma e Baalhek. No entanto, as medidas das colunas não coincidem com o tamanho dos templos de onde, supostamente, vieram. É certo que há colunas que foram trazidas de monumentos antigos. Existem também colunas que foram esculpidas especialmente para Hagia Sophia, em Tessaly e na Ilha de Marmara.
Mármore cinzento com veios pretos da Ilha de Marmara foi utilizado para pavimentar o chão. Este foi cortado de maneira a que os veios ficassem alinhados
Nenhum comentário:
Postar um comentário