quinta-feira, 10 de março de 2011

FRA. FILIPPO LIPPI, RENASCIMENTO FLORENTINO III

1406-1469

"Ao invés de estudar, Filippo Lippi passava todo o tempo rabiscando desenhos em seus livros e nos dos outros, o que naturalmente levou a que o monsenhor lhe desse todas as oportunidades possíveis para que aprendesse a pintar", afirmou Vasari em seu livro “As vidas dos artistas”.


Uma síntese impressiva dos estilos contemporâneos foi elaborada pelo pintor Filippo Lippi, grande mestre da escola florentina, que transpôs para a vida cotidiana de seu tempo os ideais do Humanismo Renascentista.
Nasceu por volta de 1406, na cidade italiana de Florença. Perdeu seus pais quando era ainda criança, encaminhado por Mona Lapaccia, sua tia, á ordem das carmelitas, em Santa Maria Del Carmine, onde conheceu o pintor Masaccio, que exerceu forte influência sobre seu estilo.
Em 1432, sob a proteção da família Médici, estabeleceu-se em Florença.
Foi Capelão do convento de Santa Margarida em Prato (1456-1461). Apesar de ser monge devoto, apaixonou-se por Lucrezia Buti, jovem noviça, raptou-a e dessa união, nasceu Filippino Lippi, outro grande pintor.
No início de sua carreira artística, suas figuras possuíam peso e volume realçados por um colorido quente por influência de Masaccio. A partir de 1437, suas figuras são de razoável solidez, e o espaço em que se situam aparece definido tanto atrás como na frente; contudo, o equilíbrio total da estrutura e decoração.
Sua criação artística é resultado da diversidade de tendências da época e é evidente no famoso painel “A coroação da Virgem” (Uffizi, Florença), marco na pintura florentina pela notável composição e pela unidade temática conferida às diferentes peças.

"A coroação da Virgem"


Seu estilo de afresco narrativo traduz o equilíbrio entre a ação dramática e a decoração e, adquire nova dimensão com o emprego de maior variedade cromática, detalhes vibrantes e matizes delicados.

Seus afrescos contêm uma galeria de tipos humanos e grande teor emocional nas cenas, contrastando com os contornos agradáveis, na delicadeza e graça das figuras.

"Adoração da criança com santos"



  • Centralidade na mão de Deus e o Espírito Santo;
  • Luz na Virgem Maria e em Jesus;
  • O véu da Virgem reflete transparência de longe e de perto é uma linha;
  • A expressão é fina, da cor de porcelana traduzindo delicadeza.
"Adoração dos Magos"



"Circunsição"




"Coroação da Virgem" (1469)




"Madona no tronco com santos"
 

Painéis que ficam no alto. A figura que está sentada possui ombros estreitos, braços longos e cabeça pequena, recurso utilizado pelo pintor para retratar a graça.


"Anunciação"


No retábulo da "Anunciação", para a igreja de San Lorenzo em Florença, já se manifestam as características de sofisticação e emotividade que lhe valem duradoura popularidade. Sua paleta é delicada, seu colorido leve. A estrutura espacial é bem cuidada, com figuras e objetos dispostos em diversos planos.

Clareza e espaço profundo (veduta – infinita para a composição não ficar claustofóbica). A Virgem, imagem sagrada está interrompida e o nosso olhar é atraído para ela ou para o anjo, que nos chama atenção por causa do véu. A Virgem está numa posição que apresenta dificuldades de entendimento devido sua inclinação, essa posição seria impossível, portanto o artista mente para obter a graça. O braço não é leve, mas a leveza está no movimento. A obra, portanto, exige um olhar analítico e não sintético.

“O Festim de Herodes”


A obra apresenta ideia de infinito e profundidade. As figuras estão mais á vontade, mais soltas e invoca uma ideia de instantâneo. Os tecidos são mais delicados, possuem mais leveza, ficando mais soltos, obtendo essa sensação através da linha e dos contornos, dando um efeito “gracioso” e de movimento.

Muito se falou linearidade de Lippi e de sua graça, mas é bem mais importante acentuar seu senso de luz. Em suas obras, a luz cria a profundidade e transmite um calor quase humano.

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