PERSONAGENS:
As personagens criadas
por Dyonélio Machado são esféricas, densas. Não há preocupação com aspectos
exteriores, aflorando o lado íntimo ou psicológico.
Naziazeno Barbosa – Retrato fiel do
modesto funcionário público pobre, que se desdobra em sacrifícios para manter
um padrão de vida com o mínimo de dignidade para a família. É um homem comum
rebaixado à condição de miserável, exposto à humilhação e ao anonimato que
caracterizam o viver das aglomerações urbanas. Trata-se de um herói impotente
diante de uma situação aparentemente simples: a fragilidade pela condição de
penúria material, atormentado pela necessidade de saldar uma dívida com o
leiteiro.
Indivíduo de hábitos eminentemente urbanos,
prevenido e observador; todavia fraco e indeciso, julgando constantemente ser
inferir às outras pessoas, demonstrando incapacidade de ir além. Vive de
imaginar que as coisas podem acontecer, sem, no entanto, tomar qualquer iniciativa.
Naziazeno retrata a espécie de personagem
carregada de densidade psicológica doentia, são os neuróticos urbanos, suas
obsessões e ideias fixas.
Adelaide - Dona de casa, esposa de
Naziazeno. Convive, diariamente, com as dificuldades de um orçamento familiar
minguado, insuficiente para o sustento digno da família.
Mainho - Filho de Naziazeno e
Adelaide, de quatro anos de idade, que sonha ter um automóvel de brinquedo.
Dr. Romeiro - Engenheiro e diretor
da repartição pública onde Naziazeno trabalha. Há suspeitas de corrupção sobre
ele. Certa vez, emprestou dinheiro a Naziazeno.
Cipriano – O insolente motorista do
diretor.
Horácio, Clementino e Jacinto: Serventes.
Funcionários da repartição.
Seu Júlio – Porteiro das obras. “Velho ranzinza e antipático”.
Otávio Conti – Advogado “com a carteira sempre cheia dos mil réis”.
Dr. Anacleto Mondina - Falso
advogado; bom papo, simpático e gentil, bajulado por conta do dinheiro de que
dispõe. Foi quem desembolsou o dinheiro para o grupo (Naziazeno, Alcides e
Duque), permitindo ao herói voltar para casa com a quantia devida ao leiteiro.
Rocco - Agiota para quem Alcides já
deve uma grana. Nega-se a fazer novo empréstimo.
Fernandes - Agiota que se nega a
emprestar dinheiro (cem mil réis) a Duque.
Assunção - Agiota da Rua Nova. Nega-se a emprestar dinheiro.
Alcides Kônrad - Amigo de Naziazeno.
“Homem de bicos”, sempre andando
pelas ruas, esquinas, sentado no banco das praças, parado nos cafés. Solteiro,
vive com a velha mãe. Envolveu-se numa corretagem de automóvel com o Andrade e
o Mr. Rees. Tem dívidas com o agiota Assunção e vive tentando fugir dos credores.
Quando pressionado “desvia o olhar e fica
sonolento, desligado do mundo”. É solidário com Naziazeno na pobreza e nas
dificuldades, fazendo tudo para ajudá-lo.
Duque - Amigo de Naziazeno e de
Alcides. Sujeito inteligente, “grande lábia”, está sempre dando um jeito de
sair das dificuldades. Assim como Alcides, tem seus pontos na praça, em frente
ao Banco Nacional, nos cafés, no mercado, no Restaurante dos Operários, etc.
Jogador de talento, sorte e sapiência. Munido sempre de grandes idéias e
iniciativa. Amigo de “negócios” de Anacleto Mondina e do Dr. Otávio Conti.
Ganha alguns trocados com uma ou outra corretagem. Inspira confiança porque tem
sempre uma solução para os problemas que envolvem dinheiro.
Fraga - Vizinho de Naziazeno. Parece
ter uma vida bem arrumada e de “cumprimentos alegres” não precisando passar
pelos vexames financeiros por que passa o protagonista.
Amanuense da Prefeitura – Vizinho
dos fundos de Naziazeno. Tem mulher e filhos e anda sempre barbado. Tem “fama de não pagar ninguém”.
Rapaz silencioso – Mora numa casa
contígua à de Naziazeno. Empregado de escritório da importadora. “Faz cara de quem não vê e não compreende
nada”.
Costa Miranda – Cidadão baixote,
cheio de pudores. Foi avalista de um empréstimo para o Alcides, que por sua vez
não pagou. Amigo de Naziazeno; emprestou-lhe, na rua, cinco mil réis para o
almoço.
Martinez - Dono da loja de penhores
onde o anel de Alcides estava guardado. Mostrou boa vontade e foi, à noite,
abrir a loja para devolver à jóia.
Mr. Rees: Gerente do New York Bank, que estava em
viagem para o Rio de Janeiro.
Andrade – Corretor de valores, “lembra o Gonzaga, antigo dono de uma engraxataria, dinâmico, repleto de
expediente”. Tem negócios com o Alcides.
Dupasquier - Dono de uma joalheria.
Examina o anel de Alcides e oferece trezentos e cinquenta mil réis. Quando
descobre que a proposta é de penhor, desiste do negócio.
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