“Era difícil fazer um quadro suficientemente desprezível, a ponto de ninguém querer pendurá-lo. Todo mundo pendurava tudo. Até pendurar um trapo gotejante era aceitável. Mas, a única coisa que todo mundo odiava era a arte comercial. Ao que parece, não a odiavam tanto assim também.”
Roy Lichtenstein, escultor e pintor americano, filho de um próspero corretor de imóveis de origem judaico-alemã, nasceu em 27 de outubro de 1923, Nova Iorque. Era uma criança quieta, introspectiva e teve uma infância pacata.
Começou a desenhar e pintar na adolescência influenciado pelo período azul e rosa do grande pintor Picasso. Interessou-se primeiro por arte e design como hobby, ao mesmo tempo era um apaixonado pelo Jazz. Muitas vezes o artista desenhou os músicos e assistiu a shows no Harlen (centro cultural e comercial dos afro-americanos).
Acabou decidindo-se pelo curso de artes plásticas, que cursou na Universidade Estadual de Ohio, mas teve que interrompê-lo para servir na Segunda Guerra Mundial, entre 1941-1943.
Nunca combateu, sua missão consistia em desenhar os mapas do front de batalha.
Ao retornar, terminou o curso e instalou-se em Nova York.
Em 1949, já formado em Artes, realizou sua primeira exposição.
Lichtenstein foi fortemente influenciado por dois professores: Hoyt L. Sherman, que insistiu na “abstração”; e, Allan Kaprow, que reacendeu no aluno o interesse em imagens Neo-Dadaistas, ou Protopop.
Vivenciou vários estilos da arte como o Abstracionismo, Expressionismo e Cubismo.
Roy Lichtenstein fez suas primeiras obras semi-abstratas.
Na década de 1950 começou a se apropriar de imagens da cultura americana, desde personagens animados a índios e caubóis, "embora em estilo expressionista".
No entanto, foi na POP ART que revelou grande talento e brilhantismo com sua originalidade, poder analítico e irônico do estilo convencional.
Sua primeira exposição individual foi em 1951, na Carlebach Gallery, em Nova York.
Até 1957, trabalhou como designer, fez cartazes para vitrines de lojas e oscilou entre o Impressionismo abstrato e as histórias em quadrinhos e cartoons, até que nos anos 60, num procedimento aparentemente inocente, se decidiu pelo uso dos elementos típicos da propaganda em seus desenhos e pinturas.
Até 1957, trabalhou como designer, fez cartazes para vitrines de lojas e oscilou entre o Impressionismo abstrato e as histórias em quadrinhos e cartoons, até que nos anos 60, num procedimento aparentemente inocente, se decidiu pelo uso dos elementos típicos da propaganda em seus desenhos e pinturas.
Roy Lichtenstein foi o mestre do estereotipo e o mais sofisticado dos artistas pop, quer pela capacidade de análise visual, quer pela ironia da exploração dos estilos passados. Impossível olhar para alguma BD (Banda desenhada, forma de arte que conjuga texto e imagens com o objetivo de narrar histórias dos mais variados gêneros e estilos, e não ser assolado imediatamente pelo trabalho de Lichtenstein).
Ao lado de muitos artistas fundadores do movimento e participantes do “Independent Group”, que seguiam na contramão da arte moderna, Roy se destaca por aplicar nas artes um cuidado sem igual com a estética das pinturas e esculturas, apesar de utilizar uma linguagem já conhecida para fazer arte.
Nos seus quadros a óleo e tinta acrílica, ampliou as características dos quadrinhos e dos anúncios comerciais, e reproduziu à mão, com fidelidade, os procedimentos gráficos. Empregou, inicialmente, uma técnica denominada “Ben-Day dots”, um processo de impressão de pontos que, através do sombreamento, cria uma textura tonal.
A técnica se assemelha ao pontilhismo, com cores brilhantes, planas e limitadas, delineadas por um traço negro, que contribuíam para o intenso impacto visual.
Entre as características marcantes de sua obra, o efeito degradê obtido com bolinhas e o uso de cores fortes: cabelos azuis e amarelos, rosto magenta, lábios vermelhões e traços pretos de expressão bem largos, inspirados pela linguagem dos quadrinhos; o uso de fita adesiva e fita crepe para criar listras diagonais; onomatopeias e gírias inspiradas por cartuns como Dick Tracy, além, dos socos, tiros, lágrimas pelo amor perdido, com frases e textos de apoio.
Com certa ironia deu a esta fase o nome de “Grande Pintura”.
De baixo da couraça muscular de super-heróis e das lágrimas de suas beldades louras, Lichtenstein retrata um tecido poroso, feito a partir de milhares de bolinhas, as células da indústria gráfica. Quem já viu um cartaz outdoor de perto não se esquece desse artificialismo. Foi assim, cientificamente, que o pintor, que antes fora publicitário e vitrinista, satirizou a banalização e a superficialidade a que a mídia submeteu a cultura contemporânea.
Para o crítico italiano Giulio Carlo Argan, ao usar as histórias em quadrinhos, Lichtenstein produziu uma obra que:
"[...] permite que milhões de pessoas leiam ao mesmo tempo a mesma narrativa, interpretem-na do mesmo modo, sintam a mesma emoção momentânea e, um segundo depois, esqueçam-na".
Como nos anos 60 já usava o tema da ironia, que marcou os 90, Roy é considerado pioneiro, mestre e uma figura proeminente da arte americana.
Nessa obra, retrata um homem que olha através de um buraco em uma parede e pronuncia a frase que dá nome à obra. A tela trata-se de um contra-ataque ao que faziam na época os expressionistas abstratos.
Uma das melhores definições do movimento veio do próprio Roy:
“O que marca o pop é antes de mais nada, o uso que é dado ao que é desprezado”.
Lichtenstein criou uma obra ambígua, paródica e sedutora, que pretendia oferecer uma reflexão sobre a linguagem e as formas artísticas.
Ele mesmo descreveu o Pop Art como:
"Não é uma pintura “american”' mas na verdade uma pintura industrial".
Sua intenção era que suas imagens parecessem, tanto quanto possível, feitas por uma máquina, desvinculadas do contexto de uma história, como imagens frias, intelectuais, símbolos ambíguos do mundo moderno. Ampliando os painéis da revista para o tamanho de cartazes, o artista agride o espectador com sua trivialidade.
Sua intenção era que suas imagens parecessem, tanto quanto possível, feitas por uma máquina, desvinculadas do contexto de uma história, como imagens frias, intelectuais, símbolos ambíguos do mundo moderno. Ampliando os painéis da revista para o tamanho de cartazes, o artista agride o espectador com sua trivialidade.
Os trabalhos de Lichtenstein não traziam uma crítica à cultura consumista, mas dela fazia uma paródia. O resultado é a combinação de arte comercial e abstração.
“Em suas cópias e cartuns, ele retomou gêneros tradicionais como paisagem, natureza-morta e figura, reanimando e revivendo estes temas acadêmicos tradicionais no vocabulário moderno”, explica Lisa Phillips.
Ele transformou a linguagem do fazer imagens, o tema de sua arte, em algo análogo às suas fontes populares, contestando com humor e ironia o próprio conceito da arte na era da reprodução em massa.
Mais do que o contorno a preto das figuras e a escolha limitada a cores industriais, os pontos de Benday pareciam fora do lugar na pintura. Embora imagens isoladas de banda desenhada tivessem sido há muito integradas nas belas artes, ninguém tinha encontrado uma forma de aumentar a sua expressão para além da utilização de uma colagem ou de um motivo pintado. Ao usar referências da técnica de impressão, como os pontos de Benday, o conceito de fonte impressa permaneceu intacto. Os críticos e artistas comerciais que reprovaram Lichtenstein por não se distanciar suficientemente da sua fonte, obviamente não compreenderam que não só o conteúdo da pintura, mas também o conteúdo do estilo era importante.
“Moça com bola”, 1961.
Nesta obra de LICHTENSTEIN baseada em um anúncio publicado no jornal “The New York Times”, o artista que apreciava as imagens publicitárias, destacou a moça e a bola com a qual ela se diverte.
O artista construiu a cena com poucos traços e poucas cores: a mesma cor escura do maiô é usada nos cabelos da moça; o mesmo vermelho da bola aparece em seus lábios, dando um ar de sensualidade; o mesmo branco da bola foi empregado em seus dentes; nos reflexos de luz em seus cabelos e no detalhe do maiô.
Para realçar sua figura, ele empregou um tom forte de amarelo. Com poucas cores e poucos traços, ele conseguiu criar a imagem de uma jovem saudável, alegre e em pleno movimento.
“É uma maneira de descrever meus pensamentos o mais rápido possível”, dizia ele sobre seus desenhos.
“In The Car”, 1963.
"Meu trabalho expressa paixão e violenta emoção num estilo mecânico", reconhecia o pintor.
Em 1963 foi chamado de “o pior artista da América” por Brian O’Doherty, do The New York Times. Mas, graças a seu empenho e à retaguarda mercadológica do marchand Leo Castelli, triunfou.
“Whaam!”, 1963.
Depois de sua fase inicial de histórias em quadrinhos, LICHTENSTEIN ampliou seu repertório de imagens, sempre pintadas graficamente, de paisagens gregas a homenagens aos grandes nomes da pintura, como Picasso e Matisse. Assim, ele próprio, que antes fizera a "autópsia gráfica" da turma do Pato Donald, agora submetia os modernos ao mesmo método.
Em 1965, acusado por vários críticos de cópias de painéis originalmente desenhados por outros artistas, como Kirby, Russ Heath, Abruzzo Tony, Irv Novick e Grandenetti Jerry, que trabalhavam diretamente com a mídia, Lichtenstein praticamente abandonou seus trabalhos com quadrinhos. Outra crítica que o artista sofre, refere-se à ausência de qualquer crédito aos desenhistas originais. Há quem diga que:
Em 1965, acusado por vários críticos de cópias de painéis originalmente desenhados por outros artistas, como Kirby, Russ Heath, Abruzzo Tony, Irv Novick e Grandenetti Jerry, que trabalhavam diretamente com a mídia, Lichtenstein praticamente abandonou seus trabalhos com quadrinhos. Outra crítica que o artista sofre, refere-se à ausência de qualquer crédito aos desenhistas originais. Há quem diga que:
“Lichtenstein não fez pelos quadrinhos nada mais, nada menos, que Andy Wharol fez para a sopa Campbells”.
Lichtenstein tinha algumas facetas não muito conhecidas pelo grande público: as esculturas do período 1967-1968, como a que enfeita a Praça em Barcelona.
Os quadrinhos, no entanto, retornaram à vida e obra do artista nos anos 70. Desta época, novo “look” do Mickey (1973), que incorpora outros trabalhos anteriores, é dos notáveis exemplos. É também deste período “Pow Wow” (1979).
Em 1977, Lichtenstein participou da terceira etapa do “BMW ART CAR PROJECT”, quando pintou cinco versões do carro de corrida BMW 320.
Fez parte do grupo do galerista Leo Castelli. Recebeu a National Medal of the Arts, Washington, o Kyoto Prize da Inanori Foudation, Japão e o American Academy of Arts and Letters, Nova York. Honorary Doctorates da George Washington University, da California Institute of Fine Arts, da Ohio University, da Bard College e do Royal College of Art, Londres.
A “Roy Lichtenstein Foudation” foi criada de acordo com os desejos do artista e da sua família com intuito de conservar e divulgar a sua obra e de outros artistas contemporâneas.
Suas obras mais conhecidas mundialmente são “Takka, Takka” (1962), “Whaam” (1963), “O Beijo” (1963), “Quando Abri Fogo” (1964) e “M-maybe” (1965).
Foi com assepsia e indiferença que ele espelhou o nosso tempo. Lichtenstein morreu no dia 29 de setembro de 1997, aos 73 anos, vítima de pneumonia, em Nova York.
“Eu sei... Brad”, 1963.
Nessa pintura foi utilizado como enquadramento o plano de close-up, provavelmente para enquadrar a expressão da mulher, que está chorando de felicidade nos ombros de seu amado. Roy faz nesse quadro contrastes de tom utilizando as seguintes cores, o azul (da roupa do homem), o vermelho (do lábio da mulher) e o amarelo (do cabelo da mulher, que é loiro). Isso cria um movimento circular dos olhos, que para apreender a imagem, passa constantemente por esses lugares, transmitindo-nos sensação de felicidade.
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